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O que esperar da Indústria de Alimentos e Serviços de Alimentação nos próximos 10 anos?

Atualizado: 23 de mar. de 2022




Ninguém mais aguenta ouvir falar sobre a pandemia do novo coronavírus. Não suportamos mais pensar, avaliar, nos preocupar com os impactos negativos que a pandemia, juntamente com a falta de preparo dos nossos governantes e da população em geral, demonstraram ter para lidar com suas implicações. Porém, não podemos negar os efeitos e mudanças permanentes que a pandemia terá em nossas vidas.


Para o nosso alento, as principais agências de pesquisa na área de alimentos (Mintel, Inova Market Insights, Eurominitor) preveem que a pandemia deixará um legado definitivamente positivo para nossa indústria, e consequentemente, seus consumidores. Três áreas se destacam. Elas já estavam no horizonte, porém, foram fortemente enfatizadas em consequência da pandemia, e continuarão determinantes para o sucesso da indústria e serviços de alimentação nos próximos anos.


A necessidade de proteger a saúde dos colaboradores e consumidores e o impacto econômico que estamos sofrendo devido, principalmente, aos imensos contrastes sociais existentes em nosso planeta, trouxe à tona a primeira dessas tendências, a responsabilidade social. As empresas de sucesso nos próximos 10 anos terão que liderar mudanças impactantes e exercer papel de verdadeiros ativistas nas questões sociais mais complexas. Desde facilitar o consumo consciente de embalagens e de outros recursos, passando pela prática de negócios éticos e oferecer opções de alimentos saudáveis ligados às questões éticas do planeta e da comunidade. Já vemos muitas movimentações neste sentido. A agricultura regenerativa tem sido usada para enriquecer o solo, resultando em redução na emissão de carbono e melhoria no ciclo da água. Materiais renováveis feitos de plantas como amido de milho e algas marinhas estão sendo usados em embalagens pra reduzir o impacto do acúmulo de lixo. Prevê-se que o consumo de produtos animais será ocasional num futuro não muito distante, e produtos de origem animal terão que ser provenientes de culturas e manejos éticos. Já vemos uma revolução dos produtos “plant based”. Porém, ainda estamos carentes de mais ações de impacto na vida dos trabalhadores que nos garantem o sustento, uma melhor distribuição dos ganhos por toda a cadeia, porque, este tipo de ação sempre retorna em mais qualidade e, consequentemente, mais ganhos.


A COVID-19 nos trouxe também a necessidade de fortalecer nosso corpo. De acordo com a Mintel*, haverá nos próximos anos um maior entendimento da saúde individual através de testes e tecnologias de processamento de dados que farão o consumidor agir especificamente em suas necessidades e demandar produtos que os auxiliem nesta tarefa. Será a era da personalização de produtos alimentícios para atender este consumidor ávido por informação e saúde, a era das "Smart Diets” (dietas inteligentes). O desenvolvimento de produtos incorporando ingredientes com potencial de aumentar a imunidade serão essenciais, assim como alimentos que atuem no humor e forneçam energia para enfrentar um mundo cada vez mais complexo.


Acredita-se também, que a necessidade de confiar na ciência para guiar as ações durante a pandemia fortalecerá a confiança dos consumidores na ciência e tecnologia de alimentos. Com o surgimento de abordagens alternativas, os consumidores terão mais interesse em conhecer as práticas agrícolas e as novas tecnologias de processamento. Há também uma real oportunidade de se reverter o "medo do processamento” dos alimentos que tanto se fala hoje em dia. Com o surgimento de alimentos e ingredientes "high tech”, como carnes cultivadas e ingredientes criados em laboratório, terão de vir também uma boa e clara explicação da tecnologia e as vantagens de se produzir alimentos e bebidas de forma mais sustentável. A transparência e a didática ditarão esta tendência.


Três grandes passos em direção a um futuro melhor. Três reais desafios para nós responsáveis por colocar no mercado as próximas inovações, em traduzir essas necessidades em produtos tangíveis, mantendo sempre a premissa de que, apesar de tantos avanços, indulgência nunca sairá de pauta. Os consumidores continuarão buscando produtos alimentícios saborosos, e preço será sempre um fator determinante na compra dos alimentos. Já é tempo de se pensar mais em qualidade e menos em lucro, e isto se reverterá em mais ganho para todos.


*Mintel, Global Foods and Drinks Trends 2030



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